Hoje eu pedi um pastel no shopping. Na metade dele, mal pude
conter a minha alegria quando vi que ele estava completamente embolorado. Aquele
fungo “teia de aranha” com pontinhos pretos tomava conta do pastel por inteiro.
Continuei comendo, até restar um pedaço que ainda apresentava apenas o mofo
suficiente para eu mostrar e poder reivindicar outro pastel.
Então, voltei ao balcão e mostrei o pastel fazendo cara de
muito nojo, preocupação e constrangimento, como uma pessoa normal faria. Me pediram
desculpas 5x e me deram outro pastel.
Eu sou o Dexter da fome de boi. Fome de boi porque é o
significado de “bulimia” em grego, nome este que tem tudo a ver, porque o boi é
ruminante. E Dexter por causa daquele seriado em que ele é um psicopata que
compreende racionalmente as emoções humanas e simplesmente as imita para poder
se misturar.
Eu sempre faço cara de frescura quando, por exemplo,
encontro um cravo na minha moranga. Minuciosamente, tiro ele com a pontinha do
garfo, e essa delicadeza camufla o monstro interior que mastigaria moranga crua
até a morte. Ainda completo com um “Ui, é amargo”. Pura imitação.
Com a gordura da carne é parecido. Me demoro com a faca em
cima dela, pra dar a impressão de que a precisão de meio milímetro de corte é
necessária à minha elegância. Porém, existe uma diferença entre o cravinho e a
banha. Com o cravinho, eu sou capaz de manter a postura. A banha, sobretudo,
depois de separada no cantinho do prato, cai acidentalmente no meio do arroz,
10 minutos depois.
Mas dos mimetismos que eu uso, o mais hilário de todos é o “Enchi”. HAHAHAHAHA esse sim é uma piada...
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